Semana do Dia dos Namorados é sinônimo de um mix interessante nas redes sociais: um primeiro grupo declara seu amor aos quatro ventos, enquanto um segundo fala das agruras de não ser amado (ou de ter sido traído) e um terceiro faz piada com os dois primeiros.
Eu não fui uma pessoa de muitos relacionamentos ou de engatar um namoro noutro. Entre as minhas relações todas, eu precisei de hiatos longos para ter tempo suficiente para me desvencilhar de tudo o que me ligava à pessoa com quem estivera. Depois de ler o livro Maneiras de amar (sobre o qual falei aqui), descobri que essa é uma característica de pessoas com o tipo de apego inseguro, que é (para surpresa de pessoa nenhuma) o meu.
Aparentemente, gente como eu fica muito fixada nos problemas da relação, quase que obsessivamente, mesmo depois que ela acaba, o que dificulta muito o desprendimento. A boa notícia é que, mesmo sem saber o que fazer direito (meu caso), o tal do fim real acontece — e com ele abrem-se novas oportunidades de conhecer alguém bacana.
Foi assim comigo e, se foi assim comigo, pode ser para qualquer pessoa. Antes de continuar, quero deixar claro que estou falando isso, porque tem muita menina na minha faixa etária que passa pela mesma coisa que eu passei até pouco tempo atrás.
Eu conheci o meu namorado depois do fim doído de um namoro que não tinha perspectiva nenhuma de futuro (e no qual insisti assim mesmo). Mas, antes de conhecê-lo, eu decidi olhar para mim, para o que eu estava fazendo comigo e com o outro nas minhas relações.
Minha pressa estava me atrapalhando muito, assim como a minha completa inabilidade de me comunicar com o outro. Levei esses dois assuntos para a minha terapia. A parte da comunicação já estava sendo trabalhada, porque eu tinha (vou usar o verbo no passado para manter esse padrão lá) uma dificuldade imensa em me comunicar em todo tipo de relação, não apenas amorosa.
Para mim, esse caminho de entender o que eu fazia e como eu me colocava foi muito duro. Nem sei quantas vezes, aos prantos, não consegui responder perguntas básicas que minha psicóloga me fazia. Ainda bem que ela, fazendo muito bem seu trabalho, não se incomodou com meus inúmeros silêncios e insistiu em me fazer falar.
Saber colocar para fora o que está dentro de maneira a ser compreendida foi um passo GIGANTE que eu consegui dar. E isso me ajudou (e segue me ajudando) muito na minha relação. O fato de eu estar com um homem que tem o estilo de apego seguro e que me deixa muito segura também tem sido um divisor de águas. É a primeira vez que vivo isso, então por vezes ainda me percebo meio abobalhada com a simplicidade de certas coisas, sabe?
Eu desconfio que meu estado de graça nesse ponto se deve muito a essa tranquilidade, que nada tem a ver com algo enfadonho ou cansativo, pelo contrário. Essa paz me dá força e coragem para enfrentar toda sorte de problema, porque junto dela vem um suporte que também é inédito para mim (e que me ajudou a manter o prumo em algumas situações difíceis com que precisei lidar nos últimos meses).
Meu telefone tocou enquanto estava escrevendo, e precisei fazer uma pausa, que acabou me fazendo perder o fio da meada do raciocínio que eu estava desenvolvendo. Tem nada não, porque não tinha mais tanta coisa a dizer, eu acho.
Continuando, não sei se você faz ideia do que é ter um problema sério para resolver e ainda se preocupar se a pessoa com quem você divide a vida vai fazer alguma coisa para deixar você pior do que já está. Eu vivi isso inúmeras vezes e preciso dizer: ninguém merece viver assim.
Todo mundo, ao contrário, merece a sorte de um amor tranquilo, como cantou Cazuza. E, se eu (com todos os meus traumas e problemas) consegui algo assim, você também consegue.
Meu desejo, assim, é que todos tenham tido um lindo Dia dos Namorados e que tenham, por toda a vida, amores que dão paz.
Que texto lindo, maduro, profundo… tão, mas tão feliz por você ter encontrado isso, que é, para mim, mais importante do que qualquer coisa em uma relação: a paz! E sabe que eu acredito cada vez mais naquela coisa que parece clichê de “cuidar primeiro do nosso jardim”, né. Foi exatamente o que você fez antes de entrar nessa nova relação ❤️
Excelente reflexão Amanda! Obrigada por dividir conosco algo tão íntimo. Me indentifico com várias passagens desse texto. Também fui a pessoa de poucos e longos relacionamentos, com hiatos entre eles. Não sei se sempre fui a pessoa do apego inseguro, mas, em relação a este ultimo relacionamento (que foi o meu primeiro casamento), me identifico com tais características. Seguindo o seu exemplo, estou aqui cuidando do meu jardim, tentando não estar em estado de alerta a procura de alguem, controlando aquela "pressa" que não nos ajuda em nada e entregando a Deus sempre. E esse seu texto me encheu de felicidade e esperança. Felicidade por você estar vivenciando esse merecido momento e esperança de que um amor tranquilo é possível. Bjos Saudosos!